Translate this Page




ONLINE
6





Partilhe esta Página

                                            

            

 

 


A Origem da Pontuação
A Origem da Pontuação

 

Você já pensou sobre a origem da pontuação?

Pontuação foi criada algum tempo depois da escrita. No início, as palavras eram escritas sem segmentação e sem pontuação. Isso porque os leitores – bastante raros ainda – faziam a segmentação e a pontuação durante a oralização do texto ou mesmo durante a leitura em voz baixa. Assim, a pontuação surge na interface entre fala e escrita e foi sendo sofisticada ao longo do tempo. (Mendonça, 2003:115)

Analisando a pontuação sob esse ponto de vista, percebemos que ela deve dar conta, no texto escrito, de alguns aspectos da oralidade, como pausas e entonação.

 

Assim, o uso dos sinais de pontuação vai orientar o leitor para as relações entre os elementos que compõem o enunciado e a importância dessas relações para as construções de sentido.

 

Como as regras de pontuação não são fixas há divergências entre os diversos autores.

 

Trataremos apenas de algumas regras básicas no que se refere à pontuação para que você considere que, quando pontuamos um texto, produzimos sentidos.

 

Exemplo 1: João toma banho e sua mãe diz ele quero banho frio. 

Como pontuaríamos esse trecho?

 

Exemplo 2: João toma banho e sua. "Mãe", diz ele, "quero banho frio".

Interpretaríamos o vocábulo "sua" como a 3ª pessoa do presente do verbo SUAR e não o pronome possessivo “sua” que atuaria como determinativo para o núcleo “mãe” (“sua mãe”).

 

Os sinais de pontuação e sua aplicação

1. Sinais pausais. São sinais que, fundamentalmente, se destinam a marcar as pausas, entendendo-se como o término de uma unidade de forma e de sentido e não mais com a antiga visão que vinculava pausa a respiração.

Ponto final ( . )

Ponto e vírgula ( ; )

Vírgula  ou coma ( , )

 

2. Sinais melódicos. São sinais cuja função é marcar a melodia, a entonação, ou seja, são sinais que delimitam, em nossa escritas, as unidades que, na fala, são associadas a certas entoações.

Dois pontos ( : )

Ponto de interrogação ( ? )

Ponto de exclamação ou admiração ( ! )

Reticências  ( ... )

Travessão ( – )

Parênteses (     )

Colchete ( [  ] )

Aspas ( “ “ )

Traço de união ou hífen ( - )

 

A seguir, leremos sobre cada sinal separadamente.

 

Vírgula (,) e Ponto (.)

Vírgula (,)

Serve para marcar a pausa de pequena duração. Ela é usada para separar elementos de uma oração e orações de um só período.

 

Ponto (.)

Segundo Ribeiro (2012:358), temos dois tipos de ponto: o ponto simples, também chamado ponto-final, e o ponto parágrafo. O primeiro é usado para um mesmo conjunto de ideias e o segundo para marcar outro grupo de pensamentos.

 

Ponto e vírgula (;)

Bechara (2000:611) afirma que este sinal serve de intermediário entre o ponto e a vírgula: “Representa uma pausa mais forte que a vírgula e menos que o ponto”.

 

Regras que aparecem em Cunha e Cintra (1985: 634,635):

1º) Para separar, em um período, as orações da mesma natureza que tenham certa extensão.

 

2º) Para separar partes de um período, das quais uma pelo menos esteja subdividida por vírgula.

Chamo-me Inácio; ele, Benedito. (Machado de Assis).

 

3º) Para separar os diversos itens de enunciados enumerativos (em leis, decretos, portarias, regulamentos etc.), como estes que iniciam o Artigo 1º da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.

 

Art. 1º A educação nacional, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por fim: a compreensão dos direitos e deveres da pessoa humana, do cidadão, do Estado, da família e dos demais grupos que compõem a comunidade; o respeito à dignidade e às liberdades fundamentais do homem; o fortalecimento da unidade nacional e da solidariedade internacional; o desenvolvimento integral da personalidade humana e a sua participação na obra do bem comum[...]”

 

Dois-pontos (:)

Esse sinal de pontuação marca uma suspensão na melodia de uma frase não concluída.

 

Emprega-se, geralmente:

Para anunciar a fala de personagens nas histórias de ficção.

Ouvindo passos no corredor, abaixei a voz:

Podemos avisar sua tia, não? (Graciliano Ramos)

 

Para anunciar uma citação.

Bem diz o ditado: Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura.

Lembrando um poema de Vinícius de Moraes: "Tristeza não tem fim, Felicidade sim."

 

Para anunciar uma enumeração.

Os convidados da festa que já chegaram são: Júlia, Renata, Paulo e Marcos.

 

Antes de orações apositivas.

Só aceito com uma condição: Irás ao cinema comigo.

Para indicar um esclarecimento, resultado ou resumo do que se disse.

 

Marcelo era assim mesmo: Não tolerava ofensas.

Resultado: Corri muito, mas não alcancei o ladrão.

Em resumo: Montei um negócio e hoje estou rico.

 

Obs.: os dois-pontos costumam ser usados na introdução de exemplos, notas ou observações. Veja:

Parônimos são vocábulos diferentes na significação e parecidos na forma.

 

Exemplos:

ratificar/retificar, censo/senso etc.

Nota: a preposição "per", considerada arcaica, somente é usada na frase "de per si "

(= cada um por sua vez, isoladamente).

Observação: na linguagem coloquial, pode-se aplicar o grau diminutivo a alguns advérbios: cedinho, melhorzinho etc.

 

Na invocação das correspondências.  

 

Prezados Senhores:

Convidamos todos para a reunião deste mês, que será realizada dia 30 de julho, no auditório da empresa.

Atenciosamente,

A Direção

 

Ponto de interrogação (?)

É um sinal de pontuação aparentemente simples já que é usado no fim de uma interrogação direta, ou seja, no fim de uma pergunta, ainda que a pergunta não exija resposta, como na reportagem a seguir.

 

Sem programa para sábado, depois da novela? Como dizia o velho bordão das Organizações Tabajara, “seus problemas acabaram”! Talvez você até já tenha visto, mas um episódio recente do “Porta dos fundos” (“Porta na TV”) anuncia que ele “finalmente chegam” à telinha!

 

Cunha e Cintra (1985: 638) apontam um caso específico do uso de ponto de interrogação seguido de reticências.

 

Ponto de exclamação (!) 

É o sinal que se coloca ao fim de qualquer enunciado de entoação exclamativa, ou seja, aparece depois de enunciados que expressam sentimentos como surpresa, felicidade, indignação etc.

 

Essa emoção é expressa no título de uma reportagem publicada no portal G1 que trata da nomeação dos satélites de Plutão.

 

Finalmente batizados!

 

Esta semana a União Astronômica Internacional (IAU, em inglês) encerrou um debate que se iniciara em 2011 acerca dos nomes dos novos satélites de Plutão. Só para lembrar, Plutão era classificado como planeta até 2006, apesar de suas características peculiares.

 

(http://g1.globo.com/platb/observatoriog1/2013/07/05/finalmente-batizados/)

 

( ! e ? ) Juntos

Exclamação e interrogação juntos “[...] os escritores, para dar uma impressão de que o interlocutor, além de questionar a informação dada, está muito surpreso, usam o ponto de interrogação seguido de uma exclamação. E também quando querem dar uma gradação à surpresa, colocam até duas exclamações. Exemplo: (...) Quanto ao seu quarto "casamento" com T.C.Lee, o cavalheiro elegante de 85 anos que nossa família em Beijing recebeu amavelmente quando ele e nossa mãe passaram a "lua de mel" na China. Bem, na verdade eles jamais se casaram. - O que?! exclamaram minhas irmãs. - É verdade - eu disse, para explicar por que não iam mencioná-lo no obituário.(..)” (TAM, Amy. O oposto do destino. Rio de Janeiro: Rocco, 2003.) (Adaptado de http://www.lpeu.com.br/q/8lhkq)

 

Reticências (...)

Mais uma vez, vamos partir de um texto para pensar no uso das reticências?

 

Ah, o fascínio pelas joias... E o designer Jack Vartanian sabe o nosso ponto fraco. Ou forte? Se já estamos em clima Dia das Mães, ele mandou ver na coleção “For Moms”, com as pedras mais incríveis do mundo. São preciosidades feitas com lapidação oval, em forma de corações, gota e navete. E as pedras que falamos aqui? Rubis, esmeraldas, safiras coloridas, turmalinas Paraíba, diamantes brancos e fancy yellow. Um luxo.

 

(http://www.jblog.com.br/heloisatolipan.php)

Como podemos observar no texto, as reticências indicam uma interrupção da frase.

No caso, o narrador interrompe uma ideia que começou a exprimir, e passa a considerações acessórias.

Além desses usos, as reticências marcam suspensões provocadas por sentimentos como hesitação, surpresa, dúvida, timidez etc.

 Segundo Cunha e Cintra (1985:642) temos outros dois usos para as reticências:

 

-- Mas não me disse que acha...

-- Acho.

--...Que posso aceitar uma presidência, se me ofereceram?

-- Pode; uma presidência aceita-se.

(Machado de Assis)”

 

E teve um fim que nunca se soube... Pobrezinho... Andaria nos doze anos. Filho único.

(S. Lopes Neto)

 

Aspas simples ( ‘  ’ ) ou aspas duplas (“  ”)

Veja a manchete a seguir e observe os usos das aspas simples.

Após CD, Anitta quer show 'visual' de 'estrutura absurdamente grande' = Aqui, as aspas são usadas para destacar palavras.

 

“Quero fazer o que nunca foi feito no Brasil”', ela diz ao G1; veja vídeo.Para ela, brasileiro idolatra o que é de fora e 'murcha' o pop brasileiro. = Depois elas aparecem para indicar uma citação.

 

Segundo Cunha e Cintra (1985:643-44), as aspas empregam-se principalmente:

 

a) No início e no fim de uma citação para distingui-la do resto do contexto:

 

O poeta espera a hora da morte e só aspira a que ela "não seja vil, manchada de medo, submissão ou cálculo". (Manuel Bandeira)

 

b) Para fazer sobressair termos ou expressões, geralmente não peculiares à linguagem normal de quem escreve (estrangeirismos, arcaísmos, neologismos, vulgarismos etc.):

 

Era melhor que fosse "clown". (E. Veríssimo)

 

c) Para acentuar o valor significativo de uma palavra ou expressão:

 

A palavra "nordeste" é hoje uma palavra desfigurada pela expressão "obras do Nordeste" que quer dizer: "obras contra as secas". E quase não sugere senão as secas. (G. Freyre)

ATENÇÃO:

Cunha e Cintra (1985:645) comentam sobre o que nos diz o Formulário Ortográfico acerca do uso das aspas:

 

"Quando a pausa coincide com o final da expressão ou sentença que se acha entre aspas, coloca-se o competente sinal de pontuação depois delas, se encerram apenas uma parte da proposição; quando, porém, as aspas abrangem todo o período, sentença, frase ou expressão, a respectiva notação fica abrangida por elas”. Ex: "Mísera! tivesse eu aquela enorme, aquela Claridade imortal, que toda a luz resume!" (Machado de Assis)

 

Parênteses [ ( ) ]

Para conversar sobre o uso dos parênteses, vamos primeiro ler um pequeno texto.

 

“O componente de originalidade de “House of cards” está mais na forma que no conteúdo. O programa adapta um livro de Michael Dobbs que, em 1990, já tinha rendido uma série na Inglaterra. O cenário desta nova versão é a Washington atual, que tem como figura destacada o congressista Francis Underwood (Spacey). Dos créditos, consta mais gente conhecida, a começar pelo produtor e diretor do primeiro capítulo, David Fincher (Oscar por “A rede social”). A atriz Robin Wright (par de Tom Hanks em “Forrest Gump”) faz a esposa de Underwood. E Kate Mara (irmã de Rooney Mara, também de “A rede social”) é uma jovem jornalista que troca informações, favores e algo além com o protagonista.”

 

(http://g1.globo.com/pop-arte/noticia/2013/07/kevin-spacey-defende-series-e-fala-de-corrupcao-em-house-cards.html

 

Observou quantos usos de parênteses temos nesse parágrafo?

Agora, vamos compreender essas ocorrências estudando as regras prescritas.

  1. Empregam-se os parênteses para intercalar em um texto qualquer indicação acessória.

Seja, por exemplo:

 

a)      uma explicação dada, uma reflexão, um comentário à margem do que se afirma.

Ex.: Os outros (éramos uma dúzia) andavam também por essa idade, que é o doce-amargo subúrbio da adolescência. (P. Mendes Campos)

 

b)      uma nota emocional, expressa geralmente em forma exclamativa, ou interrogativa.

Ex.: Havia a escola, que era azul e tinha Um mestre mau, de assustador pigarro... (Meu Deus! que é isto? que emoção a minha Quando estas coisas tão singelas narro?)

 

(B. Lopes) Observação Entre as explicações e as circunstâncias acessórias que costumam ser escritas entre parênteses, incluem-se datas, indicações bibliográficas etc.

 

Ex.: "Boa noite, Maria! Eu vou-me embora." (ALVES, Castro. Espumas Flutuantes. Bahia, 1870, p. 71)

 

No entanto, usam-se, também, os parênteses para isolar orações intercaladas com verbos declarativos.

Ex.: Uma vez (contavam) a polícia tinha conseguido deitar a mão nele.

 

(A.   Dourado) O que se faz mais frequentemente por meio de vírgulas ou de travessões.

 

Geralmente, pensamos que o travessão é um sinal de pontuação que serve, apenas, para marcar diálogos. No entanto, se observarmos textos que lemos todos os dias, como, por exemplo, os textos publicados em jornais, perceberemos outro uso para esse sinal de pontuação.

 

“Por mais que pensem e entendam o futebol, que executem variações táticas complexas e efetivas em seus sistemas de jogo — e é ingênuo achar que não o fazem, como mostra o esplêndido desempenho tático do Brasil contra a Espanha —, treinadores como Felipão e Abel não abrem mão do que me ocorre chamar de paradigma das três torres: o 1 (goleiro), o 5 (primeiro volante) e o 9 (centroavante) jogam fixos; o resto pode se mexer, ir e voltar, fazer curva e dar voltinha, mas esses três você sabe onde encontrar.”

 

(http://jblog.jb.com.br/fluminense/)

 

Nesse trecho, temos o uso do travessão para isolar, em um contexto, palavras ou frases, intercaladas em um enunciado.

(táticas complexas e efetivas em seus sistemas de jogo — e é ingênuo achar que não o fazem, como mostra o esplêndido desempenho tático do Brasil contra a Espanha —, treinadores como Felipão e Abel não abrem mão do)