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Os Avanços da Web3
Os Avanços da Web3

OS AVANÇOS DA WEB3

Caracterizada pela descentralização, a "nova internet" tem potencial para melhorar nosso atual sistema conectivo, comenta estudioso do tema. Mas está longe de ser uma "bala de prata"

 

Ela não existe de fato.  Ainda assim, domina grande parte das conversas entre pesquisadores, entusiastas e empreendedores do setor de tecnologia. A Web3, que poderá substituir a Web2, ou "a internet como a conhecemos hoje", despertou minha curiosidade já há algum tempo. E, embora seja tudo muito recente e incerto, esse me parece ser o momento ideal para nos interessarmos pelo assunto e refletirmos sobre suas possibilidades.

 

Nos chamados "primórdios" da internet, a Web1 (1990-2005), a maioria dos usuários era consumidor de conteúdo.  Quem se lembra dos sites com páginas estáticas, da conexão lenta e de quando não era possível anexar arquivos em um e-mail?  Foi nesse período que surgiram as big techs, com o Google, com o objetivo de organizar o conteúdo que já existia online.

 

Já a Web2 (2005-2020) era sobre serviços centralizados, administrados por grandes corporações.  Fazem parte dessa lista Facebook, Amazon e Apple, entre outras. Na Web2, os sites se tornaram mais interativos e passamos a nos relacionar também online, por meio das redes sociais.  Os celulares surgiram, a qualidade e a velocidade da conexão melhoraram e pudemos nos tornar produtores de conteúdo.

 

Desde 2021, portanto, estaríamos vivendo o início da Web3, que deverá combinar o espírito descentralizado e governado pela comum idade da Web1 com a funcionalidade avançada e moderna da Web2.  Tudo isso conectado pelos chamados tokens — que podem ser códigos numéricos de verificação (lembra do token do seu banco?) e, também, representar ativos (moeda, propriedade ou contrato).

 

Ok, mas por que a Web3 é assim tão importante?

 

No final do ano passado, um artigo assinado pelo analista Chris Dixon foi bastante compartilhado em grupos de fundadores de startups.  O título do artigo em questão era Porque a Web3 É Importante.  Entre os motivos pelos quais o novo modelo merece atenção, ele lista o fato de dezenas de bilhões de dólares terem sido investidos em startups baseadas na Web3.

 

Nas rodas de conversa, no entanto, algumas pessoas se mostram otimistas com a possibilidade de termos uma rede que ofereça serviços construídos sobre bases tecnológicas descentralizadas, que não pertencem a nenhuma empresa. Atualmente, quase todos os sites e aplicativos que acessamos são construídos sobre bases tecnológicas de grandes corporações e, não raro, é necessário abrir mão da privacidade para poder utilizá-los.

 

Para esse grupo de pessoas, a hipótese a ser testada com a Web3 é: será possível criar moedas como o bitcoin, que não sofrem influência de instituições financeiras externas, talvez seja possível criar também novas redes sociais, games, streamings e, claro, fintechs.

 

Trazendo para o meu setor de atuação, se o bitcoin funciona, por que outros produtos financeiros baseados em blockchain, como seguros ou empréstimos não funcionariam?  Apenas em 2021, a CrediHome, braço de assessoria de crédito imobiliário do Grupo Loft, por exemplo, concedeu mais de R$ 3 bilhões em crédito por meio de financiamentos e home equity.  Só com esse dado já dá para ter uma ideia do tamanho desse mercado hoje.

 

Outra oportunidade já mapeada em relação direta com a maneira como compramos imóveis hoje.  Na Loft, o cliente já pode percorrer uma jornada 100% digital — da busca pelo imóvel à assinatura online da escritura, passando pelas visitas online às propriedades —, mas ainda precisa financiar ou arcar com o custo total do imóvel.

 

No caso de um condomínio gerenciado por uma Organização Autônoma Descentralizada, o locatário poderia adquirir apenas uma fração (ou token) do imóvel que ele ocupa e, com o tempo, se ele assim desejar, comprar outras fatias até se tornar o único proprietário.  Uma solução que, sem dúvida, tem potencial para ampliar o acesso à habitação.

 

A Web3, então, irá resolver todos os problemas da Web2?

 

Tendo a concordar com Dixon quando ele afirma que redes descentralizadas não podem ser vistas como uma bala de prata que resolverá todos os problemas da internet. Mas essa nova proposta de rede inegavelmente oferece uma abordagem melhor do que os sistemas atuais.

 

Hoje, grandes plataformas decidem como as informações são classificadas e filtradas, quais usuários são promovidos e quais são banidos. Ao menos no papel, a Web3 se propõe a permitir que essas decisões sejam tomadas pela comunidade, usando mecanismos abertos e transparentes.  Como sabemos do mundo off-line, os sistemas democráticos podem não ser perfeitos, mas são muito melhores do que as outras alternativas.

 

 

Fonte:  Zero Hora/caderno DOC/Florian Hagenbuch/Fundador e presidente da Loft em 14/08/2022