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Marco Polo: Marco dos Milhões... de Mentiras—Será?
Marco Polo: Marco dos Milhões... de Mentiras—Será?

A VERDADE SOBRE MARCO POLO

 

Marco Polo é conhecido em todo o mundo desde o final dos anos 1200, graças às suas incríveis viagens ao Oriente e feitos notáveis, sendo às mesmas atribuída a introdução de diversos produtos no mercado europeu, como o macarrão e a pólvora.

 

Nascido em Veneza, filho de comerciantes respeitados, consta que Marco Polo seguiu os passos dos familiares – pais e tios – e os suplantou, tendo chegado à China e a Mongólia e lá atuado por muitos anos, na corte de Kublai Khan, um dos mais ferozes e eficientes guerreiros conquistadores do seu tempo.  Já naquela época o povão desconfiava do nosso herói, e apelidou-o de “Marco dei Millione”, que quer dizer Marco dos Milhões... de mentiras.  Conta-se, a propósito, que no leito de morte, ao se confessar, Marco teria confirmado todos os seus atos e dito:  “Não contei nem metade do que vi ou que fiz.”

 

Tal declaração serviu de mote ao escritor inglês Garry Jennings, que percorreu o mesmo caminho de Marco, visitando os mesmos locais, e propôs-se a contar a tal metade que faltara.  Tudo resultou num livro chamado O Viajante, com mais de mil páginas, que já li duas vezes.  Mesmo se não acreditarmos em tudo o que se escreve, trata-se de obra fascinante.

 

Mas a grande verdade é que o nome de Marco Polo foi endeusado e tornou-se lendário nesses últimos oitocentos anos.  Acontece que alguém com muita autoridade acaba de contestar a lenda.  Trata-se da historiadora e diretora do Departamento de China da Biblioteca Britânica, Frances Wood.  Ms. Wood sustenta que Marco Polo nem chegou perto da China, não tendo passado na Índia.  Em consequência, não teria sido o “pai do macarrão” ou “inventor da pólvora”.

 

O principal argumento da professora Woods é o fato da insistência de Marco em sua amizade com Kublai Khan, o imperador mongol.  Marco diz que foi à China dezessete vezes, enviado pelo grande Khan, mas seus relatos, feitos no Livro das Maravilhas do Mundo, escrito em 1298, não contemplam peculiaridades chinesas como a Grande Muralha, a cerimônia do chá, as mulheres com os pés de lótus – atados com faixas desde pequenas, para não se tornarem grandes –, a porcelana, etc.

 

Por outro lado, nenhum historiador chinês e nenhum documento cita o nosso herói, muito embora a presença de outros estrangeiros na corte do Khan esteja registrada.  Sabe-se que o livro de Marco Polo foi escrito quando estava o mesmo preso em Gênova, com a colaboração de Rusticello, escritor especializado em narrativas épicas, dotado de ubérrima imaginação.  Frances Woods afirma que as descrições das cidades chinesas constituem plágios vulgares, inspirados em descrições obtidas de viajantes persas e de mapas árabes.  Assim, não é de surpreender que todos aqueles aventureiros que pensaram chegar à China a partir das indicações de Marco Polo tenham acabado por conhecer o Oriente Médio.  O meu sangue italiano revolta-se contra a frieza britânica.  Espero que Ms. Woods esteja enganada!

 

Fonte:  Revista Super