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João Negreiros
João Negreiros

O escritor brasileiro Elton da Fontoura entrevista o escritor português João Negreiros.

 

As histórias não deveriam ter moral; as histórias deveriam ter mensagens!

Certamente esta frase compõem as inúmeras palavras que foram afixadas na janela dos ônibus da cidade de Braga em Portugal, através do projeto “Grandes Poemas para Viagens Pequenas”. O Site só menciona que foi em setembro, de um ano recente talvez, não mais de uma década..  

João Negreiros é o autor desta e de tantas outras frases que cultuam o cenário urbano da mais antiga cidade portuguesa, paradoxalmente chamada, a cidade da juventude, a Braga Barroca.

Mas se a história recuar trinta e três anos nos contará que em Matosinhos, uma Área Metropolitana na cidade do Porto, região norte de Portugal, nasceu João Negreiros. Hoje, o Poeta, Escritor, Dramaturgo e Cantor português, habita Vila Nova de Famalicão, cerca de 50 quilômetros ao norte de Matosinhos.

Apesar do fim nos obrigar sempre a parar, esta história não é uma história, é a entrevista que o Castelo das Literárias Mosqueteiras, neste contemporâneo século, destinou-se a contar.

Não é o fim João, mas seremos forçados a parar, sentarmos em uma tábula redonda e analisarmos prematuramente, tua ida ao inferno, ora pois!

 

 

Talvez essa história não seja uma história, mas o Site Obvious http://obviousmag.org/archives/2010/01/joao_negreiros_poeta.html criou uma dramaticidade em torno de um vídeo denominado: “ontem estive no inferno”. Menciona que os textos ali declamados por ti, de tua autoria, atingem uma profundidade e autenticidade alarmante.  Cliquei para assistir e surgiu uma tarja: “Este vídeo é privado.” Fui ao YouTube e ocorreu o mesmo. Cá com meu teclado! Se o vídeo está exposto no site, presumo que deva haver algum maneira de acessá-lo. Qual o procedimento?

João Negreiros: Os vídeos estão no meu canal do you tube, www.youtube.com/joaonegreiros (mas esse vídeo foi publicado noutro canal e já não deve estar acessível)

 

 

 O projeto Inspiração é Respirar, consiste em cinco vozes femininas declamarem tuas poesias por várias cidades portuguesas. Houve um consenso que essa modalidade de divulgação foi bem mais abrangente. Além do timbre, da interpretação, quais outros atrativos foram adicionados para que as apresentações alcançassem êxito?

João Negreiros: O êxito hoje em dia são os textos d`”O manual da felicidade” porque são ditos por pessoas que ultrapassaram desafios com a ajuda desses mesmos textos.

 

 

 O segundo volume do Manual da Felicidade está sendo preparado. Será composto por textos e áudios que procuram combater vícios ou desconfortos. Abandonarem o fumo, perda de peso, melhorar as relações interpessoais, autoestima, aumento de concentração, entre outros. Apenas com o poder da arte, as pessoas adquirem feitos inacreditáveis. É só entrar em contato contigo. https://www.facebook.com/joao.negreiros.16

Parece-me um convite tentador, mas a meu ver, um Escritor, dispensar a companhia do seu cachimbo, não é nada inspirador.

Brincadeiras à parte, nos dê detalhes desta proposta.

João Negreiros:  

“O Manual da Felicidade” é uma compilação de textos que foramescritos para ajudar mais de 50 pessoas a ultrapassarem diferentes desafios. O livro é uma espécie de “textos pedidos” onde coloco a literatura ao serviço das pessoas edo seu desenvolvimento pessoal. Sinto que tenho que pôr esse dom ao serviço de todos e isso faz-me sentir útil.

O projeto começou com um texto escrito para uma pessoa portadora de esclerose múltipla e que inspirou muitos outros portadores. Este texto serviu de base a uma campanha de solidariedade da Sociedade Portuguesa de Esclerose Múltipla  (https://www.youtube.com/watch?v=ldNbesV47AI), que contou com a colaboração do músico português Rodrigo Leão e que foi amplamente divulgada nos meios de comunicação social.

O processo é o seguinte: a pessoa pensa em algo que queira melhorar; em seguida, começamos o processo com sessões de coaching. Depois das sessões escrevo o texto e começam então os ensaios em que dirijo a pessoa enquanto ela diz o seu texto. Quando o disser congruentemente o seu desafio estará superado. É um processo rápido, intenso e muito inspirador.

 

 

“A felicidade é um exercício de constante improvisação”

Todos os dias somos pessoas diferentes.
Todos os dias são dias diferentes.
Todos os diferentes são iguais todos os dias.

Fragmento "O Manual da Felicidade" de João Negreiros.

Qual a fé que envolve João Negreiros? O que prevê tua cartilha diante do além, em relação ao aquém?

João Negreiros: Acredito no que funciona, no que é belo e no que nos pode ajudar a sermos felizes. Normalmente as três coisas são apenas uma só.

 

 

 O Blog do João Negreiros é muito diversificado.

http://joaonegreiros.blogspot.com.br/

As páginas estáticas ali encontradas nos contam poemas em vídeos, poemas musicados, o Sentido do amor, que é na verdade uma proposta de humor, Prêmios, Imprensa, tua exposição na mídia, e sinopses dos teus livros.

Há também o Spoken Song. Esta página estática divulga tua performance como cantor. http://joaonegreiros.blogspot.com.br/search/label/SpokenSong

Somos presenteados com sete canções no idioma inglês. Cantas e declama acompanhado pelo violonista Júlio Fachada.

Este projeto resume-se apenas nestas sete canções? Não houve evolução, ampliação, adaptações para o português?

João Negreiros: Sim, houve evolução para um projecto intitulado “livro de canções” que conta com a colaboração de muitos músicos e que tem por base textos d’ “O Manual da Felicidade”.

https://www.youtube.com/playlist?list=PL86OU0x7XaXZKi26X65prtHf-BoGrc9r2

 

 

 O livro O Mar que a Gente Faz conta a história do menino Sargo, que tem nome de peixe. Sargo nasce e sorri entre as redes dos pescadores. Ele traz a missão de nos recordar o que já esquecemos; o significado da vida, da morte e do verdadeiro amor.

O Velho Continente já não é tão exuberante em termos globais, aos meus velhos olhos. Existia um apogeu europeu quando eu era guri pequeno lá em Porto Alegre.

Como se fosse um exercício prosaico e poético, como seria a inocência terna de Sardo se nascesse e vivesse no mundo conflitante que nos rodeia?

João Negreiros:

Seria muito semelhante, as coisas não mudaram essencialmente.

 

 

...agarra uma oportunidade e depois inventa outra para que distingas o oportuno do oportunista.”

Criei uma imagem para encabeçar esta entrevista, e afixei na parede um cartaz com a frase acima. Ela integra o poema Os Olhos de uma Luz Diferente. http://joaonegreiros.blogspot.com.br/2015/01/blog-post.html

Há nesta poesia, muitas frases instigantes. Há outra que me chamou a atenção pelo fator incógnito que surpreende:

“ameaça fazer o bem a um homem mau e promete fazer o mal a um homem bom para perceberes que a diferença é mínima”

As expressões “ameaça” e “promete” não maximizam a diferença?

João Negreiros: É provável, tenho imensa dificuldade em explicar a minha literatura. A verdade é que não a conheço assim tão bem. Afeiçoo-me mais facilmente ao que está por escrever.

 

 

O livro O Acaso é um Milagre é um livro pensado para seres humanos com uma linguagem quase extraterrestre, porque dá ênfase ao invisível que nos move.

Os poetas enxergam o invisível. Escritores quando conseguem, o transformam em ficção ou literatura fantástica.

Logicamente, a linguagem quase extraterrestre não é literal, presumo! Fale um pouco mais do livro, e se não for spoiler, nos traduza esta linguagem. 

João Negreiros: Quando me refiro ao que é extraterrestre falo basicamente da capacidade de ver o que não é óbvio, até que o seja finalmente.

 

 

 Teus ancestrais descobriram que os índios foram os descobridores do Brasil. Não havia nada poético no sol que foi tapado com a peneira. Faltou cacife.  

Mas pensando bem, o que seria dos brasileiros, se Portugal não tivesse espraiado. Detesto política e político, mas confesso que o nosso povo ainda trás um resquício dos tupiniquins. 

Para este gaúcho, tua poesia, além do sotaque português, é declamada com a irreverência que habitam as raízes populares da filosofia.

O mercado literário brasileiro é amplamente liderado por Escritores estrangeiros, ou como costumo dizer, pelos Tradutores.

Nosso idioma João, difere apenas por dialetos e expressões isoladas, e pude perceber que o rebusco de palavras não torna teus versos populares.

Uma explanação extensa atrai uma curta pergunta: O Escritor, poeta, dramaturgo e cantor João Negreiros já aportou em terras brasileiras?

João Negreiros: Venci alguns prémios no Brasil e tenho imensos amigos brasileiros. Tenho um fascínio pelo vosso país maravilhoso. Em breve, o romance “O Sol Morreu Aqui”, vencedor do Prémio Literário Dias de Melo, será publicado por uma editora brasileira.

 

 

Cristiane Vilarinho e Nell Morato, de forma figurada, são as minhas Rainhas, por serem posseiras do Castelo das Literárias Mosqueteiras. Procuro manter o clima medieval, apesar de respirar a vanguarda da literatura, idêntico a respiração que João Negreiros declama seus poemas.

Antes de nos erguermos desta circular tábula, e brindarmos na taberna mais próxima, preciso escutar teu livre arbítrio. Fale, declames, escreva uma mensagem aos súditos brasileiros que visitam assiduamente o nosso Castelo.

 João Negreiros:

É uma honra ser mencionado e entrevistado por tão ilustres criaturas. Muitos parabéns pela iniciativa e pelos projectos. É um enorme prazer fazer parte ( ainda que por instantes) de tão fenomenal realidade.