Translate this Page




ONLINE
3





Partilhe esta Página

                                            

            

 

 


Castelo de Penedono nos Lusíadas
Castelo de Penedono nos Lusíadas

Castelo de Penedono

 

Sabia que…o castelo de Penedono é uma obra singular na nossa arquitectura militar e que está relacionado com os Lusíadas?

 

Castelo-torre-moradia, encavalita-se em penedia granítica, é pequeno, mas invulgarmente alto, elegante e desafiador. É bem logrado o lançamento das torres, é feliz o seu jogo de formas e volumes que lhe dão escala.
A imagem que vemos é a de um castelo apalaçado de profunda reforma quinhentista, no entanto existe documentação sobre o castelo a partir de 960.

 

O actual castelo, com perímetro externo de cerca de 70 metros, data do final do século XIV, com acrescentos na passagem do século XV para o XVI.
No castelo de Penedono cuja planta se aproxima de um triângulo, são de realçar os dois finos torreões com ameias ressaltadas e que ladeiam a porta de entrada, num elegante jogo arquitectural. Também esbeltos são os outros dois torreões.

 

“De modestas dimensões, o espaço interior mostra sinais de pavimentos, amplas janelas quadradas com bancos laterais de cantaria no desfrute de panoramas belos, num ângulo a cisterna elevada.
Até onde permite a penedia, uma ligeira barbacã parece dar maior altura ao castelo e ao redor serpenteia o estreito caminho de ronda.”1   
Se passear em Penedono, localidade com forte carácter beirão, por todos as ruazinhas e praças tem o seu castelo como pano de fundo.
Penedono apoiou o levantamento do Mestre de Avis. O jovem alcaide Gonçalo Vasques Coutinho combateu valorosamente ao lado de Dom João I, tendo desempenhado papel importante na batalha de São Marcos (Trancoso), cuja vitória deu ânimo aos fiéis portugueses.

 

Penedono nos Lusíadas -“Os doze de Inglaterra

Um dos seus filhos, Álvaro Gonçalves Coutinho, seria imortalizado nos Lusíadas, que no canto VI descreve a lendária participação no torneio celebrizado como “Os doze de Inglaterra”.

 

“Por motivo desconhecido «se levantou discórdia, em ira acesa» entre uma dúzia de nobres cavaleiros e outras tantas gentis damas da corte inglesa. Ousados e malcriados, os cortesões ofenderam as senhoras com grosseiras palavras e «dizem que provarão que honras e famas em tais damas não há para ser damas».

 

Em remate desafiaram, fosse quem fosse a tomar parte delas e com eles se baterem a campo aberto. Não apareceu ninguém e o duque de Lencastre, sogro do rei de Portugal D. João I, sugeriu às damas ofendidas os nomes de doze cavaleiros portugueses que conhecera em combate contra Castela. Elas escreveram, cada uma ao seu tirado à sorte. Todos aceitaram-se bater-se pelas damas. Prepararam armas e bagagens, mas um deles pediu licença ao rei para seguir por terra e aproveitar o ensejo a ver «várias gentes e leis e várias manhas», assegurando a sua presença à hora do torneio e se por azar não estivesse pouca falta faria pois por ele os outros chegariam. Era Álvaro Coutinho o Magriço.

 

Embarcaram os onze, no Porto, e Álvaro a cavalo cruzava montes e vales até à Flandres. Em Londres tudo foram festas e mimos aos onze portugueses; triste só a dama que esperava o Magriço.
No dia aprazado, a desamparada donzela vestiu luto. Alinham os doze contra os onze e o Magriço não chegava. De repente, um alvoroço sacode a multidão. De armas e a cavalo, Álvaro Coutinho não falta no minuto exacto. Trava-se o torneiro ardoroso e «cai a soberba inglesa» do seu trono. Triunfam totalmente os doze portugueses- «…das damas a formosa companhia/que querem dar aos sues libertadores/banquetes mil, cada hora e cada dia, /enquanto se detém em Inglaterra/ até tornar à doce e cara terra». Mas o Magriço regressa a cavalo e ainda volta a bater-se em defesa da Condessa de Flandres, vencendo agora um cavaleiro francês”1. Foi nesta Penedono, construída de rude granito e agreste clima, que cresceu o nosso herói.

 

Álvaro Coutinho foi um exemplo puro dos ideais de cavalaria andante no declinar da Idade Média: a sua honradez, a defesa dos ofendidos, a afoiteza de viajante e os seus triunfos, são ainda um bom exemplo para os portugueses actuais. Do lado castelhano  vem-me à memória o bom do Cavaleiro da Triste Figura. Os Magriços medievais, inspiraram os nossos Magriços no Mundial de Futebol de 1966 em Inglaterra, que nos deu um brilhante terceiro lugar.