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Nanoromance: de Vanessa Silla
Nanoromance: de Vanessa Silla

ROMANCE SOBRE ROMANCE

 

Nanoromance (Editora Bestiário, 192 páginas), publicação da escritora e professora porto-alegrense Vanessa Silla, é seu sétimo livro e o terceiro da série Nano.  Vanessa nasceu em 1961, formou-se em Letras – Tradutor Intérprete pela PUCRS, é professora de inglês, tem especialização em Literatura Brasileira e Mestrado em Escrita Criativa.

 

Nanoromance é uma narrativa longa sobre o processo de engendramento do texto literário, desde a sua gênese, no mundo das ideias silenciosas, até o encontro definitivo com o papel.  A cada capítulo, o texto vai se desdobrando em vários outros e, em um jogo de fragmentos e continuidades, surge o romance, ou, melhor, um meta-romance, um romance sobre romance.

 

Na apresentação, a poeta e professora-doutora em Teoria da Literatura Gabriela Silva escreve: “o cerne deste romance é a construção do próprio texto, desnudando as emoções e peculiaridades do cotidiano de um escritor.  Iniciamos a narrativa dentro do universo particular da narradora: Lyna Luck, uma estudante de escrita criativa, frequentadora de oficinas, que procura a palavra certa para seus textos, a emoção exata para suas personagens e, mais do que isso, busca entender a si mesma nas linhas de suas produções”.

 

Sem calendário, regras muito definidas e sem achar-se uma divindade, a escritora participa do mundo como qualquer mortal, interage com as pessoas e disso tira suas histórias, criando personagens e, ao mesmo tempo, refletindo sobre seu fazer literário.  Diferentes narradores, conforme a frequência da narração e o foco de Lyna, vão compor o romance.  A visão do escritor sobre si mesmo, sobre seus processos de criação e seus caminhos nos labirintos de imagens e ideias, o trabalho, os amigos, os relacionamentos, as memórias, as redes sociais, as escolhas musicais e leituras estão no cotidiano da escritora, repleto de relações complexas ou simples.

 

Tem narração em primeira pessoa, contando a história de Arthur e Rita, romance que Lyna se propõe a escrever todos os dias.  Tem outra narração na qual Crista conta Mulheres Bovary, romance em 20 capítulos feito a pedido do professor. Lyna transforma-se um pouco em cada uma de suas personagens e vai criando uma linguagem, como deve ser quando se faz boa literatura.

 

Nanoromance, como se vê, mostra uma narradora experiente, mesclando cenas da vida, personagens, reflexões e como nascem e são estruturadas as histórias, a tal carpintaria. Vanessa trabalha bem a linguagem e as construções literárias, cria personagens verossímeis e sua ficção apresenta pessoas, cenários e situações de nosso tempo, o que sempre credencia ainda mais uma autora.

 

Fonte:  JC de 28, 29 e 30/08/2015 com Jaime Cimenti (jcimenti@terra.com.br)